Quando cheguei perto de casa com os meus amigos, vinda de um passeio bastante animado, reparei num cão que andava pela rua, de um lado para o outro. Era de porte médio, tinha pêlo clarinho, orelhas curtas e cauda mais ou menos longa. Farejava aqui, farejava ali, olhava em volta como se estivesse à procura de algo. Os meus amigos, na brincadeira, chamaram-no e quiseram brincar com ele; mas ele estava assustado, com a cauda entre as pernas. Deixámos que ele cheirasse as nossas mãos, para ganhar confiança, e fizemos-lhe festinhas. O cão estava a tremer - não sei se de frio se de medo.
À medida que lhe fazíamos festas, o cachorro perdia o medo, chegando mesmo a saltar para nós: as suas patas ficavam pousadas nos nossos braços e a sua cauda abanava de alegria.
Observei as suas condições mais atentamente: o pêlo parecia estar limpo e cuidado, assim como as orelhas e a cauda. Juntando isso ao facto de nunca o ter visto por aquelas bandas, presumi que ele foi abandonado.
Com pena, demos-lhe pão aos bocados - o cão devorou-o. Em seguida, brincou connosco: saltava quando lhe dizíamos, mordiscou um dos meus amigos e foi acarinhado. Enfim, uma jóia de cachorro!
À medida que o tempo passava, ele descia e subia o passeio atrás de qualquer pessoa que passasse, ou então parava para urinar. Mas, numa dessas vezes, demos por ele a atravessar a estrada para ir ter com uma cadela ou cão que estava do outro lado com os donos. Não, ele não foi atropelado. Mas não voltou quando chamámos por ele...
Pouco depois, os amigos com quem eu estava foram embora e dirigi-me para casa.
Mas aquele cachorro não me saía da cabeça... E a minha consciência pesava: devia tê-lo trazido para casa. Ele estava com frio. Tinha fome. Ele foi abandonado, suponho. Que fui eu fazer?
Ao abrir a porta de casa, um "furacão" veio ter comigo: o meu pequeno cão, de pêlo escuro e curto , ladrava e saltava-me. A sua curtíssima cauda abanava de alegria, e as suas pequenas orelhas mexiam-se muito. Respondi-lhe com o mesmo entusiasmo, brincando com ele por breves instantes.
O meu cão tem sorte. Não vagueia ao frio nem está sujeito à fome. Tem ração ao seu dispor sempre que precisa e, se tiver algum problema, seja ele qual for, é levado à veterinária o mais rápido possível.
Este Natal, quando me sentar a observar as luzes da árvore de Natal enquanto faço festinhas ao meu cachorro, vou estar com a cabeça noutro sítio: num sítio frio e desconhecido, onde árvores abanam ao vento e não há palavras amigáveis; onde ninguém compreende, nem mesmo aqueles que julgam perceber a fome e o frio mas que dizem "Não há nada que possamos fazer". Vou estar com aquele cão perdido. E, quando o tiver alcançado, vou trazê-lo para junto de mim: aconchegá-lo, alimentá-lo, acarinhá-lo. Farei o mesmo aos seus iguais, pois o coração nunca é pequeno demais.
Perceberam a metáfora deste texto? Espero que sim, pois só agora irão entender o que escrevo nas próximas linhas. :)
E não falo só da fome e do frio. Quem diz que alguém, independentemente da sua condição social, a atravessar uma má fase da vida, passa um bom Natal?
Para eles, esta coisa a que nós chamamos de "Natal" não existe... Aquela noite que para nós é mágica para eles é mais uma noite em que o coração aperta - por aquilo que não devia acontecer e por aqueles que não deviam estar ausentes das suas vidas; pelos problemas com o futuro e pelo passado e presente familiar. Esses são os esquecidos - aqueles que não aparecem nos anúncios do Pingo Doce, aqueles que não aparecem nas campanhas de solidariedade. Lembrados apenas por aqueles que juram dar corpo e alma para que a dor desapareça - e mesmo assim ela teima em resistir.
Este Natal, vou fechar os olhos e pensar neles com toda a minha força. Independentemente da alegria da minha família ou do desembrulhar das prendas.
Pensem neles também...
Dêem valor ao que têm...
E sorriam sempre - para vocês próprios e para os que estão à vossa volta - conhecidos, desconhecidos, amigos chegados, pessoas irritantes e até mesmo animais.
Tenham um bom Natal. Aproveitem.
Apreciem a música e a sua letra... Espero que gostem! :)
Rita
Greeting cards have all been sent
The Christmas rush is through
But I still have one wish to make
A special one for you
Merry Christmas darling
We’re apart that’s true
But I can dream and in my dreams
I’m Christmas-ing with you
Holidays are joyful
There’s always something new
But every day’s a holiday
When I’m near to you
The lights on my tree
I wish you could see
I wish it every day
Logs on the fire
Fill me with desire
To see you and to say
That I wish you Merry Christmas
Happy New Year, too
I’ve just one wish
On this Christmas Eve
I wish I were with you
I wish I were with you
Merry Christmas darling