quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

(Esquecido) Feliz Natal.

Sei que estamos mesmo perto do Natal. Muito mesmo. Mas não me apetece falar de famílias felizes reunidas à volta de uma árvore muito bem enfeitada, entregando presentes. Não, hoje não - estamos fartos de ver isso nos anúncios dos hipermercados e shoppings. Falo hoje de tudo menos desta ideia estereotipada do Natal. Ainda acreditam que é tudo assim? Chamem-me pessimista, mas hoje vou falar destas coisas...
Quando cheguei perto de casa com os meus amigos, vinda de um passeio bastante animado, reparei num cão que andava pela rua, de um lado para o outro. Era de porte médio, tinha pêlo clarinho, orelhas curtas e cauda mais ou menos longa. Farejava aqui, farejava ali, olhava em volta como se estivesse à procura de algo. Os meus amigos, na brincadeira, chamaram-no e quiseram brincar com ele; mas ele estava assustado, com a cauda entre as pernas. Deixámos que ele cheirasse as nossas mãos, para ganhar confiança, e fizemos-lhe festinhas. O cão estava a tremer - não sei se de frio se de medo.
À medida que lhe fazíamos festas, o cachorro perdia o medo, chegando mesmo a saltar para nós: as suas patas ficavam pousadas nos nossos braços e a sua cauda abanava de alegria.
Observei as suas condições mais atentamente: o pêlo parecia estar limpo e cuidado, assim como as orelhas e a cauda. Juntando isso ao facto de nunca o ter visto por aquelas bandas, presumi que ele foi abandonado.
Com pena, demos-lhe pão aos bocados - o cão devorou-o. Em seguida, brincou connosco: saltava quando lhe dizíamos, mordiscou um dos meus amigos e foi acarinhado. Enfim, uma jóia de cachorro!
À medida que o tempo passava, ele descia e subia o passeio atrás de qualquer pessoa que passasse, ou então parava para urinar. Mas, numa dessas vezes, demos por ele a atravessar a estrada para ir ter com uma cadela ou cão que estava do outro lado com os donos. Não, ele não foi atropelado. Mas não voltou quando chamámos por ele...
Pouco depois, os amigos com quem eu estava foram embora e dirigi-me para casa.
Mas aquele cachorro não me saía da cabeça... E a minha consciência pesava: devia tê-lo trazido para casa. Ele estava com frio. Tinha fome. Ele foi abandonado, suponho. Que fui eu fazer?
Ao abrir a porta de casa, um "furacão" veio ter comigo: o meu pequeno cão, de pêlo escuro e curto , ladrava e saltava-me. A sua curtíssima cauda abanava de alegria, e as suas pequenas orelhas mexiam-se muito. Respondi-lhe com o mesmo entusiasmo, brincando com ele por breves instantes.
O meu cão tem sorte. Não vagueia ao frio nem está sujeito à fome. Tem ração ao seu dispor sempre que precisa e, se tiver algum problema, seja ele qual for, é levado à veterinária o mais rápido possível.
Este Natal, quando me sentar a observar as luzes da árvore de Natal enquanto faço festinhas ao meu cachorro, vou estar com a cabeça noutro sítio: num sítio frio e desconhecido, onde árvores abanam ao vento e não há palavras amigáveis; onde ninguém compreende, nem mesmo aqueles que julgam perceber a fome e o frio mas que dizem "Não há nada que possamos fazer". Vou estar com aquele cão perdido. E, quando o tiver alcançado, vou trazê-lo para junto de mim: aconchegá-lo, alimentá-lo, acarinhá-lo. Farei o mesmo aos seus iguais, pois o coração nunca é pequeno demais.
Perceberam a metáfora deste texto? Espero que sim, pois só agora irão entender o que escrevo nas próximas linhas. :)

E não falo só da fome e do frio. Quem diz que alguém, independentemente da sua condição social, a atravessar uma má fase da vida, passa um bom Natal?
Para eles, esta coisa a que nós chamamos de "Natal" não existe... Aquela noite que para nós é mágica para eles é mais uma noite em que o coração aperta - por aquilo que não devia acontecer e por aqueles que não deviam estar ausentes das suas vidas; pelos problemas com o futuro e pelo passado e presente familiar. Esses são os esquecidos - aqueles que não aparecem nos anúncios do Pingo Doce, aqueles que não aparecem nas campanhas de solidariedade. Lembrados apenas por aqueles que juram dar corpo e alma para que a dor desapareça - e mesmo assim ela teima em resistir.

Este Natal, vou fechar os olhos e pensar neles com toda a minha força. Independentemente da alegria da minha família ou do desembrulhar das prendas.
Pensem neles também...
Dêem valor ao que têm...
E sorriam sempre - para vocês próprios e para os que estão à vossa volta - conhecidos, desconhecidos, amigos chegados, pessoas irritantes e até mesmo animais.

Tenham um bom Natal. Aproveitem.
Apreciem a música e a sua letra... Espero que gostem! :)
Rita




Greeting cards have all been sent
The Christmas rush is through
But I still have one wish to make
A special one for you

Merry Christmas darling
We’re apart that’s true
But I can dream and in my dreams
I’m Christmas-ing with you

Holidays are joyful
There’s always something new
But every day’s a holiday
When I’m near to you
The lights on my tree
I wish you could see
I wish it every day
Logs on the fire
Fill me with desire
To see you and to say

That I wish you Merry Christmas
Happy New Year, too
I’ve just one wish
On this Christmas Eve
I wish I were with you

I wish I were with you
Merry Christmas darling

domingo, 19 de dezembro de 2010

Férias (mas só para alguns!)

Se estão à espera que isto seja mais um poema, desenganem-se. Desta vez, é um textozito... E não, não é sobre a beleza e a felicidade que as férias e o Natal nos trazem a nós, meros estudantes; é sobre futuro, ansiedade, esforço, dilemas morais... Enfim, aqueles temas em que ninguém quer pegar por esta altura do campeonato!!
Em primeiro lugar, devo dizer que foi um fim de um 1º período muito marcante a nível escolar, social e pessoal - estes três itens são uma constante na vida de cada estudante, visto que em três meses muito se passa. Mais do que imaginemos!
A nível escolar, foi o arranque. Depois do Verão, há que recomeçar o trabalho e isso nem sempre é fácil. Aturar os professores de novo (com os seus disparates e tiques demasiado estranhos para nós, adolescentes), aqueles livros novinhos em folha, recheados com matéria e exercícios que no início nos cativam - embora depois comecem a enjoar - os testes uns em cima dos outros, a complexidade dos testes... Vocês percebem.
A nível pessoal: é a mudança de estação, de horário, de hábitos... Parecendo que não, tudo isso afecta o mais comum dos mortais.
A nível social, ocorre também uma grande mudança: de ano para ano, as turmas vão alterando o seu ambiente, especialmente com a entrada de alunos novos, saída de alunos já queridos por todos e, quem sabe, mudança de escola para alguns. Os intervalos são passados de forma diferente à do ano anterior, há divisão em grupos, receio de não nos integrarmos, medo de participar na aula... Sempre aquele nervoso miudinho da insegurança.
Mas em que medida isto é importante para cada um de nós? Que outros acontecimentos nos incutem revolta ou alegria?
A resposta não podia ser mais óbvia - e mais ambígua: varia de pessoa para pessoa. No entanto, podemos tornar isto mais concreto (há várias perspectivas em relação a esta matéria; a que vou aqui escrever será apenas uma delas): para quem está no ensino secundário numa escola com um método de ensino muito exigente, as coisas são apertadas e complicadas - as contas que fazemos à média, o tempo que precisamos para estudar para todas as disciplinas, os trabalhos facultativos que tentamos fazer para aumentar a nota mais um pouquinho...
Ao nível das disciplinas específicas, a exigência é maior: cada uma dessas três disciplinas pede o mesmo trabalho, e não temos tempo para isso. É como se estivessem em competição umas com as outras. No caso do curso científico-humanístico Ciências e Tecnologias, as coisas são, em termos figurativos, desta forma:
Matemática: "Trabalhem, meninos, façam estes exercícios todos! É sempre a andar, sempre a tirar dúvidas, programa extenso, toca a andar RÁPIDO!"
Fisica e Química: "Estudem, olhem a teoria! Mas não se esqueçam de praticar muito! Também era importante fazerem estes trabalhos. São facultativos, mas já sabem como aumenta a nota. Além do mais, concentrem-se mais nos relatórios das aulas práticas!"
Biologia e Geologia: "Isto é assim, assim e assim. Têm de saber todos estes nomes de todos estes processos e descrever cada um deles. Estudem muito para isso. Não se esqueçam que nos testes desconta muito pela mais pequena falha."
Ora bem. Será que estas três se ESQUECEM que temos MAIS QUATRO para estudar???? Sim, porque agora também tem de se estudar para testes escritos de Educação Física.
E será que as outras quatro também se esquecem do nível de exigência a que estamos sujeitos pelas específicas? Então porque também "sobem a parada"? Também estão a competir?
Sim, é importante um aluno saber Português. Claro, acho essencial que um estudante aprenda Filosofia - aprende a abrir a mente e a pensar em abstracto. É bom que se aprenda Inglês, é considerada uma língua universal. E sim, Educação Física é bom para todos nós, que temos de nos manter em forma e exercitar o corpo, não só a mente. MAS CALMINHA AÍ.
E aqui está uma crítica para todos aqueles professores de Português que simplesmente adoram mandar toneladas de trabalhos de casa e que criticam de forma desmesurada os alunos que simplesmente NÃO TIVERAM TEMPO para os fazer a todos (felizmente não estou a passar por essa situação, nem a Português nem a Filosofia). Critico também os professores de inglês que têm prazer em mandar trabalhos de casa e de pesquisa aos potes, e que depois gostam de nos "dar nas orelhas" porque não acabamos (e de dizer ainda que não trabalhamos). E ainda bem que os testes de educação física valem pouco! No meio de testes de Física e Química, Matemática ou Português (por exemplo), rara é a ocasião que um estudante tem para pegar num calhamaço de Educação Física (pelo qual pagámos um balúrdio para nem o utilizarmos) e ESTUDAR as técnicas de basquetebol ou a descrição de um rolamento à retaguarda engrupado... Isto digo sem qualquer ofensa a professores de Educação Física que sei que podem estar a ler isto! Claro que compreendo o facto de os testes terem de ser feitos para ver até que ponto os alunos conhecem as técnicas para além da prática. Tem de ser feito, claro.
Só não sei porque é que Educação Física vale tanto num curso de Ciências e Tecnologias como as restantes. Um médico tem de saber jogar basquetebol? Um engenheiro tem de saber fazer um apoio facial invertido sem ajuda? A sério, não entendo isso.
Outra coisa que não entendo: como é que diferentes escolas, preparando os seus alunos para o mesmo (exames e faculdade), têm níveis tão diferentes de exigência? Isso causa-me muita revolta. Saber que trabalho o que trabalho para um 13 a Matemática, enquanto que noutra escola com o meu trabalho chegaria a um 16 ou 17... é triste, porque o que vai estar na média é a nossa nota final (depois de feitas as contas), e não o quanto trabalhámos.
Quando digo isto a algum colega, recebo a seguinte resposta: "ao menos olhas para a pauta e estás de consciência tranquila porque sabes que trabalhaste!". A minha vontade é responder que não é a minha consciência que me vai garantir o curso que eu quero, mas sei que de certa maneira é bom termos a sensação de que trabalhámos cá dentro.
Bem, mas eu só tenho criticado professores e escolas, está na altura de criticar os alunos em geral.
Penso que muitas vezes os meus colegas têm atitudes perante as disciplinas e os professores de profundo desinteresse. Simplesmente convencem-se de que têm razão em tudo, quando não é verdade - é mesmo necessário participar. Mesmo que não gostemos do professor, isso não significa que passemos a aula toda mais preocupados com o fim-de-semana do colega do lado do que com a aula. Acho que humildade é a palavra-chave, embora também seja exigida nos professores.
Pessoalmente, abdiquei de alguns sonhos por causa da minha média... Medicina foi-se, Medicina Veterinária está a ir-se... resta saber se dá para Enfermagem. Senão, talvez Jornalismo. O meu sonho é Psicologia, mas infelizmente é um dos cursos com mais licenciados no desemprego em Portugal.
Sinto que o meu trabalho não está a dar os frutos que eu queria, e admiro as/os minhas/meus colegas que conseguem notas melhores e uma média de pelo menos 17.5 ou 18 com o mesmo tempo que eu tenho, ou ainda menos tempo. Será porque são mais inteligentes? Será porque são concentrados? Não sei.
E aí vem o dilema moral: será que para obter uma média de 17.5 tenho de abdicar do pouco tempo de computador que tenho, do pouco tempo para ouvir musica e tocar guitarra que tenho, da pouca televisão que vejo e das poucas vezes que saio? Não consigo. Não consigo tornar-me uma pessoa assim tão fechada!! Uma "marrona", como diriam os meus colegas, ou uma "workaholic", como diriam os americanos. Se vou adiantar trabalho estas férias? Claro que vou. Até tive de me controlar para não adiantar resumos nenhuns ontem. E fica já um aviso para os professores cuja exigência de férias é "exercícios de quatro pgs, duas fichas e um trabalho": CALMA. RESPIREM FUNDO e deixem-nos respirar fundo... O 2º período está aí a chegar, e vem com testes intermédios e mais dificuldades... Já para não referir que cada um de nós está preocupado com a nota e média daqueles que mais gosta - e a entrar em parafuso por causa disso!!!

A todos vocês que neste momento se sentem como eu (resumidamente: ansiosos, confusos, tristes, pressionados, desesperados, sem saber que mais fazer), aproveitem esta breve pausa para respirar um pouco. Adiantem serviço, mas saiam muito com amigos, "andem na vadiagem", vão ao cinema, estejam com namorado/as, estejam no computador...
RESPIREM. E nada de estudar na véspera/dia de Natal ou de ano novo!!

Sempre compreensiva com a vossa (nossa) situação,
Rita Jovi

sábado, 16 de outubro de 2010

Estrela irmã

Se tudo é nada,
história contada, e ilusão inacabada..
Então que será TUDO?
Tudo isto, e tudo mais
O sol já visto e os temporais
Os feixes de luz e os momentos de escuridão
A plenitude e a inquietação
Um coração por inteiro e algo caído no chão?

Uma estrela, a brilhar lá longe no céu,
Terá também medo de cair quando está escuro como bréu?
E terá também receio,
escondida pelo Sol de dia,
que incontroláveis forças do meio
mudem o brilho que ela emitiria?
E no final da sua vida,
deixa um rasto de cor...
Terá sido uma existência colorida
Ou repleta de dor?
Mas se ela ficar sozinha no escuro
Sem uma luz para a guiar,
Morrerá, contudo,
Sem cores para mostrar.

Estrela, irmã, como compreendo.
O céu é negro, o Universo obscuro.
Estrela, irmã, assim sendo,
Se a luz se apaga eu não tenho futuro...

domingo, 27 de junho de 2010

Uma paixão muda (co-escrito por André Teixeira Pinto)

As palavras voaram da minha mão;
Recolhi-as com os meus lábios
E deixei-as cair ao chão,
Num esgar de paixão.
Vendi a minha alma
Sem dó nem piedade,
Sem calma,
Na tranquilidade da mais pura felicidade.
Às vezes não sei que ando aqui a fazer:
Ingrata dádiva do Mundo,
Esse que tantas belezas tem para ver,
Tantas mais qualidades que às vezes não sei o que ando aqui a fazer.
Algo me renasce,
Transforma.
Mexe cá dentro,
Arranca de tal forma
O meu ser pela raiz;
De tal maneira me toma
Que não percebo o que já fiz.

Momentos,
Instantes intensos
Sem maneira de descrever,
Sem palavras para dizer
Pois deixei-as cair ao chão
Num esgar de paixão.
Mal conseguia respirar,
Esse cheiro deixava-me tonta.
Mas tive a coragem de inspirar
E saborear naquele ar inalado,
O suave perfume do pecado.
Porque "o amor é uma alma que habita em dois corpos",
Perde-se a calma,
Sem dó nem piedade,
Na tranquilidade da mais pura felicidade.
Para atingir a união
Na chama, no poder,
No pecado talvez,
Dessa paixão.

Sonhar (2007)

O meu olhar torna-se vazio
E vagueio na minha mente.
Mas abro bem os olhos... e sinto frio
Pois o que sonhei... é isso, simplesmente:
Um sonho por sonhar,
Uma história por contar,
Um momento irreal impossível de alcançar.
E afinal de contas tenho que sofrer
Nesta m*rda de vida que estou a viver.
As lágrimas vêm automaticamente, passando pela cara
E com a mão limpo-as, à descarada.
Pergunto-me a mim mesma: "Porquê?"
Mas a resposta não é fácil,
E recebo um papel em branco com a palavra "Fé";
Mas só serve para calar as perguntas. Nada de útil.

Então envolvo-me no sonho.
Um sonho mais profundo que o próprio ser.
Em que acreditar é o pior que se pode fazer,
Mas bem melhor do que abrir os olhos...
O sonho e o conforto recebem-se de braços abertos,
Uma sensação de alívio faz eco no meu corpo;
E dou mil e um sorrisos incertos,
Perpetuando o ciclo
E desalinhando a vida.
E uma música consegue ser ouvida,
Lá bem do outro lado desta Vida,
Que chega até mim
E adia as lágrimas, assim,
Que se acumulam numa pilha de coisas por chorar:
Ansiosamente à espera de ser esvaziada.

Mas chega a hora,
Ganho sono.
Assim que deitar a cabeça na almofada,
Vou sonhar.
Mas um sonhar diferente,
Que só sabe quem o sente
E irei fechar os olhos,
Adormecendo por escassas horas,
Para acordar no dia seguinte exausta.
Com pouca vontade, largo o papel e a caneta;
Preparo-me quase como se fosse partir...
Partir para outro Mundo.
Até amanhã,
Vou dormir.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Caminhos a seguir...

(Seguir uma recta,
Um caminho traçado.
Desenhar uma seta
Para o sentido errado...)

Certezas e convicções
Perdidas no tempo
Palavras e acções que voaram com o vento...
Numa tempestade de areia,
No meio do deserto;
Em noite de Lua cheia,
quando estava tão perto.

Distância é medida incerta:
Não é possível descrevê-la com precisão.
É uma palavra susceptível e aberta,
Um assunto que diz respeito ao Coração.

No gozo, no prazer
Sem lágrimas no seio do pecado,
Abro os olhos e o que consigo ver
É um baloiço abandonado.
Agora balanço-me na fronteira da vida,
Entre a lágrima e a alegria.
A Esperança? Essa é lentamente consumida,
Dia após dia.

Lágrima

Envolvente a pura lágrima
Aquela que, inesperada,
Vira uma página
Quando derramada.

E caída no chão,
Sozinha, desolada,
Mergulha na solidão,
Quando derramada.

Carrega com ela, comovente,
Uma história desolada
Ninguém sabe o que ela sente
Quando cai ao chão, derramada.

Crente num só dia,
Que viria rápido como uma tempestade,
Em que nada a faria
Cair ao chão, derramada.

Trajectória descendente,
Movimenta-se descontrolada
Deixa cair uma esperança insolente
Quando é derramada.

O ar que respira?
Nada mais que mágoa adulterada.
E tudo o resto que a vida lhe tira
Quando cai ao chão, derramada.

E enquando ela escorre,
É Natureza contemplada;
Algo que não morre
Quando está no chão, derramada.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Medo do segredo

Este coração outrora atormentado
Tem um segredo que quer ser revelado
Apenas às marés,
Às ondas deste mar,
Onde não ouso molhar os pés.
Terreno sagrado,
Para crucifixos de profundas crenças
E um olhar carregado,
Com pequenas rugas e desavenças.
Um sonho mal vivido
Toma o controlo deste ser;
Os pesadelos que tenho tido
Parecem-no querer dizer.
Estende a tua mão
E toca neste Mundo...
Que achas então,
De um sentimento assim tão profundo?

O céu cai,
Mas persiste a tua estrela.
E por mais que me tapem os olhos,
Continuarei a vê-la.
Deixo que o meu ser
tome conta de mim;
Levar-me a crer
Que não posso estar assim.
Na grande ficção
Da maior realidade,
Acorda-se com que então
Para a mais sentida verdade.

O tempo dorme ao relento,
Suave como veludo;
Então, tranco num baú palavras de tormento,
Sem que me lembre de tudo...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Visto da Janela da Sala 12, às 16h De Uma Quarta-Feira

Gosto de olhar pela janela,
Sentir os raios de Sol a queimar-me a pele...
A luz cega-me os sentidos
E os pensamentos, cuidadosamente medidos,
Geram diferentes conflitos
E apesar dos meus pedidos
Para afastar os perigos,
Não consigo.
Pisco os olhos e eles brilham,
É impossível que eles mintam.
A denúncia do sentimento
A renúncia ao sofrimento.
Lágrimas de felicidade,
Mil sorrisos sem futilidade.
Esta aventura em que embarquei
É maior do que alguma vez sonhei,
E tudo o que vivo intensamente
É tudo o que uma simples forma de vida sente.
O relógio marca os segundos que faltam
Para a campaínha soar;
As saudades que se matam
De cada vez que te posso abraçar...
Tenho um certo medo que a vida dê de si,
Não quero que o tempo ande
Não quero sair daqui.
Uma tristeza se instala,
Não consigo afastá-la.
A esperança quer ir embora.
E, de dentro para fora,
Nasce uma sombra nessa hora.
Tento vir à tona, tento nadar
Mas isto não me liberta, não me quer largar.
Não consigo respirar.
Sou mesmo eu quem escreve isto?
Talvez outro "eu" que me controla?
Quem me diz que não desisto?
Quem neste jogo tem a posse de bola?
E de repente parto este oceano em dois
Com medo do que irá acontecer depois;
Levanto-me e assumo o controlo novamente,
A tentar que a minha ideia fique bem assente.

E volto à Terra, assim atordoada
Sem saber que estava a fazer...
Olho para o meu livro, já acordada,
E sigo o que estão a ler.
Já estão outros do lado de fora;
Não fiz mais nada senão pensar e sonhar.
Acompanhei o teu movimento enquanto ias embora,
Com a promessa de nunca te deixar.
Está na hora de me levantar,
Abrir a porta e sair,
Levantar os braços e espreguiçar
E ter cuidado pra não cair.
Deixo o papel e o lápis em cima da mesa
Viro costas, alegremente;
Vou voltar, disso tenho a certeza,
E escrever tudo o que quero, abertamente.

E se a pergunta de quem lesse isto fosse:
De onde veio toda esta arte?
Eu responderia:
Da janela da sala doze,
numa quarta-feira à tarde.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Voar

E se eu fosse uma asa perdida no meio do céu?
E se essa asa ficasse ferida?
Por vezes não se sabe o que é preciso
Para curar um coração partido.
Mesmo que a asa ferida
Seja uma mancha preta sobre o azul radiante,
Quem não a irá desprezar a um ritmo alucinante?
Mais vale deixar que as palavras
Tomem conta do meu corpo, das minhas veias
De mil maneiras.
Que seja esta a maior inspiração,
Que nunca faça parar
A minha cansada mão.
Desenharei a asa ferida com as palavras
E vou borratá-las numa mancha
tornando-as parvas,
sem sentido
até para um ego ferido.
Já dei voltas a este labirinto,
Espero estar no caminho certo para a saída
Espero que tudo o que sinto
Não tenha uma recaída.
A minha asa já manchou o céu, ferida
E eu ja manchei o Mundo, partida
Em cores de luto e de desastre,
e já levei a mão ao peito
com a bandeira a meia-haste,
para segurar o meu coração desfeito.
Não quero ser livre como o vento
não quero que as minhas lágrimas
durmam ao relento.
Estou bem nesta casa, mas nao sei se consigo:
tenho muito medo destes telhados de vidro.
Vou mantê-los como puder
Combater as tempestades como esta:
quer dure para sempre,
quer acabe já a minha festa.
A vida pode não ser comprida
mas a alma é imortal
e quer tenhas ou não a tua asa partida,
tens de aguentar a bem ou a mal.

Sleepless Night

I heard the engine runing,
Kept my hands tight in the steering wheel
My tears wouldn't stop screaming
Begging me to do things right, I said "I will".

I lost control of my direction
Got no use for satisfaction
Heading for a tight little curve
Closed my eyes, prepared for bleeding
You touched my hand, oh that feeling!,
And I stopped the car...

Chorus:
You're my sleepless night
Thinking about you
All the damn, damn time
'Cause you're my sleepless night
Gone away with all my life
Oh, my sleepless night

You opened the door for me,
And I said "now I can breath"
Without you, who would I be?
You're a dream that I can't reach.

Looking in your eyes for salvation,
Don't need no motivation
Please let me drown in your ocean...

(Chorus)

I wanna reach you,
I wanna feel you
In my sweatest dreams
Let me feel your leather jacket
Put my hands into your pockets
Are you real?

Oh,
You're my sleepless night
Now I think about
How to get it right
'Cause you're my sleepless night
Tell me why should I fight?
Oh you're my, my,
You are my sleepless night

(desculpem quaisquer erros de inglês $:)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"Nothing"

"
We've been through this all before a thousand times
Come on, come on, come on, tell me what's on your mind
Doesn't matter, baby, what I say
It all amounts to nothing anyway

When push comes to shove, it's never enough
It always comes down to something

How could I live? Why would I try?
I've been learning to live without you but that's a lot
No giving in or saying goodbye
Seems there's always something but all that's ever left is nothing
(All that's ever left is nothing)


I thought I saw you reach out, thought I saw you try
Waiting here for something, nothing is all I find
Kneeling at your altar, standing on the shore
I'm waiting out, now listen, I'm outside your door

When push comes to shove, it's never enough
It always comes down to something

How could I live? Why would I try?
I've been learning to live without you but that's a lot
No giving in or saying goodbye
Seems there's always something but all that's ever left is nothing

I won't give up
I won't give up…no
`Cause you know I won't let you down

How could I live? Why would I try?
I could learn to live without you but I would die
No giving in or saying goodbye
Seems there's always something but all that's ever left is nothing
Why would I try?
I've been learning to live without you but that's lot
No giving in or saying goodbye
Seems there's always something but all that's ever left is nothing

I won't give up
I won't give up…no
`Cause you know I won't let you down
You know I won't let you down
You know I won't let you down"

By: Bon Jovi

(música linda)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Amo-te...

Acho engraçada a maneira como tudo acontece:
nada se prevê, nada se tece,
nas nuvens aqui no céu do medo,
onde o futuro ainda é um segredo.
Mal te vi a chegar
e quando olhei com atenção
já cá estavas para me abraçar,
tornado-te rapidamente na minha perdição.

A cada dia que passa,
é cada vez mais difícil estar sem ti.
Não interessa o que eu faça,
quero que estejas aqui.

Perco-me nos teus cabelos misteriosos,
resgatas-me com um beijo profundo...
Afundo-me nesses olhos minuciosos,
que fazem parar o meu Mundo.
Passo os dedos pela tua bochecha
e admiro-te enquanto falas.
Sim, fico parva, presa, assim seja!
Até o Silêncio conversa sobre ti quando te calas.

A tua voz entranha-se em mim,
Arrepia-me e faz-me sonhar.
É tão bom estar assim,
Parece que te consegui alcançar.

Há noites em que penso demais:
no que cada palavra tua significa,
em cada último toque quando sais...
Contigo, tudo neste Mundo se simplifica.
Perco momentos a pensar
Se vai durar para sempre, ou se um dia vai acabar.
Então, choro e desespero,
pedindo para não deixares de ser meu...
Acima de tudo eu não quero
o teu Mundo longe do meu.

( Escrito na aula de BG. Dedicado a Bruno Teixeira $: )

A Fuga

Estas coisas deixam-me cansada,
Os meus olhos querem fechar..
Toda a pressão torna-me desnorteada,
parece que quero gritar.
Dói-me a cabeça incessantemente,
O meu estômago revira-se, confuso
e aqui dentro, inocentemente,
entro em parafuso.

Converso com esta folha de papel
desenho-lhe o que ela quer saber
Doce como mel,
Saboreio estas memórias, sem querer.
A caligrafia rodeia-me
A caneta desliza
A imaginação maneja-me,
sem ser clara e concisa.

Às costas, levo a guitarra
com o travessão e a palheta
Contigo ao meu lado, espero um bocado,
e fugimos deste planeta...
...Para vermos o Nunca e o Sempre
Para observar o Belo e o Amor
e enquanto isto talvez me lembre
que preciso de te viver sem temor.

Com todos estes poemas que escrevo,
Mostro ao Mundo a minha alma, com um senão:
É tanta coisa baralhada, sem relevo,
Como as linhas da palma da minha mão.
Não tenho culpa, corre-me no sangue..
Percorre o meu corpo a grande velocidade
Desde a cabeça à falange,
Absorvendo a Tristeza e a Felicidade.

(texto escrito numa aula de Matémática . Não percebo nada de funções, mt menos aquilo que a stôra diz --. $:)

domingo, 24 de janeiro de 2010

O Medo do Fim...

Queria escrever uma música mas o meu piano não concorda.
As minhas mãos deslizam pelas notas,
Mas já não se lembram como se toca.
Em vergonha, retiro-as e deixo uma lágrima escorrer;
Nas cordas da guitarra me vingo, com todo o poder.
Sem rosas nem vinho,
A inspiração vem de dentro
Mas são os acordes que tecem o meu caminho.
Da minha garganta escorrem sons e melodias
Que percorrem canção a canção
À procura de melhores dias.

O medo do sempre e do nunca
Paira no ar à minha volta;
Atiro as pautas ao chão
E aguardo por uma nota solta.
Espero que a Esperança regresse
E creio naquela frase que diz
Que a dúvida sempre espairece.
Escondo a cara nas minhas mãos,
Não deixo que me vejam assim.
O que será de mim quando a canção chegar ao fim?

Fica, fica comigo!
Amo-te mais do que tudo,
E o teu amor é o meu melhor amigo.
Mesmo que o piano chore
E que a guitarra sangre,
Nada se resolve
A menos que eu te ame.
Não me largues, não me deixes cair,
E eu prometo que não deixo o teu coração partir.
Presa a esta dúvida em segredo,
Quero-me libertar
E finalmente, sem medo,
Poder-te abraçar…

Prisão

Nesta pequena prisão,
Abafo um grito com a mão.
Um espelho observa-me, atentamente
E rindo-se de mim
Repete avidamente:
“Não há nada a fazer, tu és assim”.
As lágrimas caem
Manchando a fina linha de sanidade
A ânsia e o medo doem,
Afugentando toda a felicidade.
Uso a fúria como arma de arremesso
Junto-lhe frustração e desilusão, como se fossem pecados
Apesar da fraca força não esmoreço
E parto o espelho em mil bocados.

Sei dos meus erros, sei.
Só não sei onde este caminho me vai levar…
Porque quem me tirou daquela jaula sem lei
Depressa me poderá fazer voltar…
Dou um passo atrás
E caio num alçapão
Que força tu terás
Para me levantar, então?

Quero ter segurança,
Voltar a acreditar
Regressa, esperança,
Preciso de amar.
Presa por um fio aqui,
Não me consigo libertar.
Leva-me para ali,
É ali que eu quero estar!
Junto de quem me quer,
Esquecendo quem não me quis
Aproveitando enquanto puder,
Enquanto posso estar Feliz.
Mas que hei-de eu fazer?
O medo não me deixa em paz!
Por mais que eu não queira saber,
Estou a voltar atrás…

A inspiração vai embora
E sento-me no chão da prisão
Resignada, tento esquecer a maldita hora
Em que pensei nestas coisas sem solução…

Sem Destino Certo

À deriva neste oceano
deixo que as ondas me beijem a incerteza
com um humor tao insano
que nao consigo distinguir a beleza.
Com o meu profundo instinto
tento alcançar o teu destino...
agarrar a tua areia! nao minto:
és a minha loucura, o meu Sol, o meu desatino.

Todos os dias penso no céu e no inferno
no frio angelical, no grande temor
Um eterno Inverno
Ou para sempre calor..
Onde pertencerei?
Para onde posso ir?
Sei que errei,
Mas e quando partir?
Desejo que venhas comigo,
Quero-te a meu lado assim
És mais que meu amigo,
És um pedaço de mim...
Perco momentos a pensar,
se vai durar pra sempre
Ou se vai acabar...
Um dia talvez me lembre
De tudo o que aconteceu agora
mas nessa altura
será que já foste embora?

$:

Assombração - Parte I

 'Não quero falar do assunto' Apesar de toda a confiança Tudo regressa numa palavra Adeus à segurança Como uma assombração se volta ...