sexta-feira, 22 de junho de 2012

Snow White & Prince Charming

Os cépticos chamam-lhe ilusão.
Os cientistas chamam-lhe descarga de químicos e hormonas.
Os que acreditam chamam-lhe algo piroso como "verdadeiro amor".
Vejamos para já o exemplo da Branca de Neve e do Príncipe Encantado, em "Once Upon a Time". Ambos conheceram-se na floresta, quando ela tentou assaltá-lo. Acabaram por se apaixonar em pouco tempo e efectivamente estiveram juntos por pouco tempo, já que forças de todo o tipo uniam esforços para os separar - nomeadamente a Rainha Má, que queria destruir a felicidade de Branca de Neve por razões (QUE EU ACHO RAZOAVELMENTE) compreensíveis (para qualquer pessoa no lugar dela. Mas não deixa de ser muito mau. ENFIM ADIANTE.)
Pego neste exemplo porque acho que é o mais explícito.
O Príncipe quis dar a vida pela Branca de Neve. Ela acabou mesmo por fazê-lo. "Morrer por amor parece-me um sacrifício que fico contente por fazer", chega a dizer o Príncipe.
É realmente fabuloso ver como eles se unem. Como lutam um pelo outro. Como ele conseguiu sentir o seu peito a apertar no momento em que ela supostamente morre...

Faz-me olhar para dentro e sentir-me vazia.

Diz-se que todas as raparigas querem um amor assim, e eu não sou excepção à regra. Não estou à espera que alguém chegue e me salve. Tento também não deixar o meu coração vaguear pelos mares do passado, porque a corrente não vai a lado nenhum. Apenas em dor.

Porque a chama da esperança já se apagou há algum tempo, observo apenas a vela a fumegar e afasto-me lentamente do local onde perdi a alma. Ando para longe.

Os meus erros hão-de criar as melhores histórias. O meu coração ainda há-de ser um museu de estilhaços. Qualquer coisa.

Sei que estou no caminho certo. Só não sei para quê...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Noite

Fechei a janela e a porta,
Tirei o relógio e a roupa,
Despi-me deste peso de alma morta
Sabendo que mesmo assim não vem outra.
As pálpebras pesam e o sonho já me quer.
De tantas maneiras já escrevi isto...
Enfim, se tem mesmo de ser
Então desisto.

Deixei-me cair numa névoa de poeira
Pensei que o fosse o início do Universo ou do tempo
Mas eram apenas vultos - nenhuma forma verdadeira -
Retratados de momento em momento.
O sangue corre,
É sinal de vida.
Também do braço escorre:
Vingança prometida é devida.
Lençóis manchados, gritos de horror
Chão marcado de terror.

Lutar por ar quando este nos é tirado,
Lutar por terra firme quando esta nos sacode,
Finalmente regressei à minha cama e onde pertenço - destino traçado?
Que me afasta do que quero, que com dentes afiados me morde?
Senti os sulcos de leves cicatrizes que só eu sei onde estão.
Escondidas à vista de todos e de tudo,
Só os sente a minha mão -
Num suspiro de dor mudo.

Lá fora, as estrelas fitam o meu lugar.
Se o meu lugar é este, porque anseio algo mais?
Cansei-me de sonhar e de esperar
Por algo que sempre cai, sempre vai, sempre acaba por ser demais.
A noite passa... e a escuridão adormece.
O Sol sai para fora,
A Lua entristece,
Acaba mesmo por ir embora.

A névoa desaparece.
É agora que me levanto, consciente que voltarei.
Volto sempre quando anoitece.



Utopia (23/04/2012)

Quem sou eu senão mais uma?
Mais uma ave a tentar tocar as nuvens,
Mais uma cabeça pensadora a tentar dar lógica ao destino,
Mais um sorriso, mais um olhar, mais um poema de desatino.

No espelho não se observa
Um vazio por dentro.
Não me conheço... Quem sou eu?
Outrora, alguém; agora, apenas mais uma.

A emoção eleva-se, está ao rubro.
O sentimento espalha-se.
Dou o corpo às balas por um soçobro,
Amor platónico sem retorno.

Não me venham com estoicismos,
Uma vez chega para tais heroísmos.
Não me acalmem; já disse que não sei quem sou.
Outrora, fui alguém; agora, apenas mais uma.

Tento reflectir-me nos teus olhos,
Desenhar sorrisos no teu rosto.
Vejo-te afastar, sem brilho te conseguir dar;
Mas lembro-me de te ouvir confessar...

Para onde foram essas palavras?
Deixaste-as escapar?

Não consigo separar as coisas.
Um só pensamento serve para me lançar na confusão.
Numa palavra, tiras-me o chão e já não sei de mim...
Outrora, alguém; Agora, apenas mais uma.

Percorreria esta distância para te salvar!
Pena esse teu entusiasmo tão fugaz,
Que desapareceu num relâmpago:
Tão rápido surgiu e tão rápido se desfaz.

Não aproveitei a oportunidade.
Um dia chegava... não pedia mais!
Neste sonho utópico me perco, sou outra pessoa:
Outrora, alguém; agora, apenas mais uma.

Então esqueço este contratempo,
Enterro-o com saudade e sem saudade sou esquecida.
Como a areia da praia, que vou perdendo...
Mas não faz mal... Há tanta areia na praia, afinal...!

Com tristeza, resigno-me à minha insignificância.
Sou uma figura de segunda instância.
Não vale a pena abraçar-te...
Foges pelo espaço entre os meus braços.

Sou um barco à deriva num oceano de tubarões...
Agarrada a um bote salva-vidas,
Que me tenta resgatar todos os dias.

Não olho, não quero nada.
Uma fixação no real, pés fincados na terra (um pouco à toa!).
Num beijo, reinvento-me; já sei quem sou!
Outrora, alguém; agora, outra pessoa.

domingo, 17 de junho de 2012

Quatro

Esta vontade que vem de dentro, não sei que lhe faça.
Posso pôr no papel, posso deitar fora, posso embrulhá-la numa nuvem e transformá-la num sonho.
Sonhos vêm e sonhos vão,
Ou então acabam como eu, caídos no chão.
Como é, então?

Um: há esta força cá dentro, que treme como treme a terra,
Agita-me como se agita o mar,
Abana como o vento abana aquela árvore sozinha no alto da serra -
Sozinha como eu, sem saber a quem tudo isto dar...
Quem merece, fugiu
Ou então tem o olhar noutros horizontes.
Quem antes partiu, quebrou também todas as pontes.

Dois: há uma marca. Quase como uma cicatriz.
Que dói. Mais nuns dias que noutros, é verdade...
Lembra-me de tudo aquilo que tive, tudo aquilo que fiz,
Os tesouros que abracei e que me foram tirados pela força da realidade.
A chuva cai, ouço o som dos trovões ao longe,
A luz dos relâmpagos preenche o vazio.
O ar enche-se de saudade...
A minha cabeça anda à roda,
As pernas enfraquecem.
...
Como pode ser tão difícil descrever aquilo que assombra a alma,
Que rouba o sono, o sorriso e a calma?
 
Três: há vários caminhos, e tão diferentes.
Em cada um deles perco um pedaço de mim!
"Respira fundo, o que é que sentes?"
"Não me chateies, deixa-me continuar a dormir". Enfim...
Escolhas, tudo é feito de escolhas sumárias,
Umas pecaminosas,
Outras (des)necessárias,
Outras ainda desmotivantes ou então esperançosas.
Que encruzilhadas, que estradas mal paradas,
Que nevoeiro...
Não vejo um palmo à frente, como querem que avance, caramba?!

Quatro: há tantas memórias que deixo para trás,
Tantas lições que aprendi
Quando a vida chegou à minha beira e ZÁS!,
Arrancou-me tudo e eu nem vi.
Nada dura para sempre, nem o furacão mais forte
Nem a chuvada mais poderosa
Nem o Sol quente
Nem a flor mais viçosa.
Desenganem-se os felizes apaixonados
(como os invejo)
De que nunca virarão as costas aos seus amados;
Desenganem-se os apoiantes dos contos de fadas
(doce inocência que me fugiu)
De que existem príncipes e princesas disfarçadas...
Tudo te escapa se não estiveres atento.
O teu maior sorriso pode transformar-se em profundo desalento.

A música corre-me nas veias,
Tenho um segredo colado nos lábios,
O pânico enche o ar do quarto.

Até quando...?


"It's hard to hold on when there's no one to dream on."

terça-feira, 12 de junho de 2012

Isto e mais alguma coisa

O Sol põe-se, mas não faz diferença. Está escuro desde que acordei.
Desfaço pétalas de flor na minha mão enquanto conto os segundos e minutos e horas,
O tempo adquire uma dimensão tão pesada que nem sei...

O telemóvel mantém-se quieto
A campainha não toca
A espera prolonga-se até os meus olhos não aguentarem e ter de ir dormir.
A sonhar é que estou bem, parece-me.

Se tivesse quintal, enterrava lá o meu coração:
Cresceriam rosas - brancas, pela paz e tranquilidade que só uma única vez soube ter.
E quando as fosse podar guardava todos os espinhos, desenhando histórias e iniciais na minha pele: linhas vermelhas ao longo dos braços,
Cicatrizes visíveis,
Uma dor gritante que diga que estou viva.

As estrelas não me sabem ouvir
Ao céu não conseguirei chegar,
(Se bem que já lá estive, mas parece impossível lá voltar...)
Pode ser que com estas lágrimas por cair
Seja mais fácil continuar a sonhar.

A noite não entende o que murmuro às paredes.
(Essas, que me conhecem tão bem, e ainda se admiram com aquilo que conto)
Pequenas coisas que se espalham pelo chão do quarto e ninguém dá conta:
Pedaços de memórias, ou de sonhos, ou de coisas que não chegaram a ser ou acontecer.

Cai um pouquinho de mim em cada um desses pedaços,
Que acabam por se amontoar até a janela se abrir e o vento os fazer voar
Para longe, só para que mais tarde voltem em força e glória.

Que estás a fazer ainda acordada? O dia de amanhã ainda demora, vai dormir...

Assombração - Parte I

 'Não quero falar do assunto' Apesar de toda a confiança Tudo regressa numa palavra Adeus à segurança Como uma assombração se volta ...