quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Janela

Deitada no vazio, olho para o céu fixamente:
As nuvens, cinzentas, são o prelúdio de mais um dia frio e deprimente.
Arrasto-me para a frente e para trás; um sorriso aqui,
Outro ali,
E espero pelo que o tempo me traz.
Um murro no estômago, uma visão caótica
Tonturas, uma náusea psicótica
Cheiros doces que lembram melhores dias.
Verdades, paixões e alegrias.

Acendi uma vela no sítio onde me perdi,
O sítio onde a alma fugiu,
O sítio onde vendi os meus sonhos para sobreviver.
Vazia.
Fraca.
Marcada.

Confusa e completamente baralhada.

Fiz coisas das quais não me orgulho,
Magoei quem mais me ajudou a fugir da dor.

Levantei-me do vazio só por um momento:
Fui dar umas cabeçadas no armário para me acalmar.
E, realmente, comecei a ver melhor... Algo a formar...
Na parede, naquela parede fria e branca, surgiu uma janela. Aberta.

Dá corrente de ar, é um frio que se entranha na pele.

E vi.

Vi o céu, as nuvens a afastar-se. O Sol a surgir e a trazer algo com ele.

Asas começam a formar-se nas minhas costas. Ainda caio muito - demora aprender a voar. Demora aprender a largar. Demora aprender a sobreviver sem ar.

Será que esta janela é mesmo a minha escapatória? Ou deverei primeiro aprender a sobreviver dependendo apenas de mim própria?

Tempo, onde andas tu?! Ordena a essas areias que caiam devagar, que me deixem saborear
Cada momento de alegria que consigo encontrar.
Não deixes ir embora.
Por favor.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Areia

E de um momento para o outro tudo ficou esquecido. Enterraste-me nas areias movediças do tempo e do espaço, onde sempre que luto para vir à superfície me afundo cada vez mais. E não entendo nem compreendo certas coisas.
De tudo passei a nada (se é que já não o era secretamente) e o Mundo parou, para depois voltar a girar em sentido contrário. Inverteu tudo.
Já não sou o que era. Estou animada, contente e sempre a rir, mas bem lá no fundo está um buraquinho negro a espreitar cá para fora, a aproveitar cada chance que tem de me sugar toda a alegria, deixando memórias que não respondem quando chamo por ti ou pelos teus.
E com uma mão a pedir misericórdia me despeço de mais uma dia, mais uma sobrevivência. Um dia em que pela confusão de emoções pequei. Um dia em que também eu magoei quem não queria.
Mais um dia. E outro dia. E mais outro dia.
E amanhã? Mais um outro novo dia.


Assombração - Parte I

 'Não quero falar do assunto' Apesar de toda a confiança Tudo regressa numa palavra Adeus à segurança Como uma assombração se volta ...