domingo, 29 de maio de 2011

"Se nós vamos morrer mesmo, qual é a razão de viver?"

Este era o tema da composição do meu teste de Filosofia. Aqui vai a minha resposta.

"Quantos de nós já fizemos esta pergunta? Todos, especialmente nos momentos de dor e sofrimento, nos inquietamos com esta questão, de diferentes maneiras: «Porquê? Sofrer?! Para que vim eu a este mundo?! Será que isto vale a pena? Será que esta vida tem algum sentido?»...
A resposta que cada um tenta dar é, claro, do foro íntimo: cada um acredita no que achar mais provável ou mais conveniente, na perspectiva com a qual se identifica. Ninguém nos pode impor um determinado ponto de vista - «Só eu sei da minha vida, eu acredito no que EU quero!».

Eu e muitos jovens portugueses como eu nascemos no seio de uma família católica. Fomos baptizados, ensinaram-nos orações e chegámos a ir à catequese. Mas só depois pudemos aperceber-nos de que há mais hipóteses por explorar: duvidamos do Céu e do Inferno, da vida eterna, questionamos Deus e os seus supostos «desígnios» que apenas Ele compreende. Alguns jovens recusam a dúvida e agarram-se à Fé; outros, como eu, vão à procura de outras perspectivas. Uns acabam por achar que a morte é o derradeiro fim e que, como tal, a vida é absurda e não tem sentido absolutamente nenhum (identificam-se com o niilismo, com a «náusea de existir» de Camus). Os restantes recusam-se a acreditar que a vida não tenha sentido e, não sabendo o que acontece depois da morrer, vivem a vida ao máximo, seguindo valores éticos: proteger as coisas fracas do mal, defender a vida de todos os seres vivos (bioética) e defender o planeta, a nossa «casa comum» (ecoética). Este é o ponto de vista filosófico.

Bem... Onde me encaixo eu?
Pessoalmente, penso que a vida deve ter algum sentido: estamos cá, não estamos? Sentimos, sofremos, amamos, sorrimos, choramos, levamos «pancada»,... Não é ao acaso.
Nascemos, na minha opinião, para cuidar e amar. Se virmos bem, conhecemos tanta gente de quem gostamos! Claro que também existem pessoas que nos causam uma profunda repulsa, mas não serão como um desafio para nós e para a nossa consciência e nossos valores, testando quem realmente somos?
Falo por experiência: estar a ser testado não é nada fácil. Mas no final do desafio é um alívio enorme saber que fizemos o correcto e tudo o que estava ao nosso alcance. É por isso que me identifico com a perspectiva filosófica da vida: gosto de seguir valores éticos e morais por todo o meu percurso e defendê-los.
Além disso, penso que amar e ser amado é o principal objectivo da vida. É ÓPTIMO estar nos braços da pessoa que mais amo, pegar nos meus primos ao colo e ensinar-lhes palavras, defender um amigo quando ele é excluído da turma, tratar o meu cão como se fosse um irmãozinho, chorar no ombro da minha grande amiga, rir às gargalhadas com o meu colega de carteira,... Isto sim, vale a pena! Não sei o dia de amanhã, mas lutarei SEMPRE pelas pessoas que são importantes e por estes pequenos grandes momentos de felicidade.
Mas, como do nada nada vem, acredito que há algo «lá em cima». Não Deus, nem Alá... Algo que não está escrito em nenhum livro sagrado, mas que permite a continuidade da nossa «alma» (a mente) depois de o corpo ter morrido. Será verdade? Não sei, só quando morrer é que vou saber...!

Independentemente da posição de qualquer um de nós, acho que uma atitude optimista alivia quaisquer injustiças que possamos ver ou sofrer na pele. Já que aqui estamos, porque não aproveitar? Tudo pode acontecer e, na minha mais profunda crença, lutar pelas coisas que amamos (especialmente por aquela pessoa que mais nos marca, em que acreditamos vir a fazer parte de nós por muito, muito tempo) é o objectivo que dá sentido à vida."

Assombração - Parte I

 'Não quero falar do assunto' Apesar de toda a confiança Tudo regressa numa palavra Adeus à segurança Como uma assombração se volta ...