domingo, 14 de outubro de 2012

Umas luzes de honestidade

Mais uma vez, a loucura das palavras volta a chamar-me e arranca-me do meu estado sonolento. Larga-me na insónia de sonhos inacabados, de raciocínios sem conclusão possível. Nado no meio do oceano, cansada e sem terra à vista... Será da miopia, ou não há mesmo qualquer ilha aqui perdida?
Como sempre, filosofo, transformo tudo em metáforas - enrolando-as à volta dos dedos como enrolo pastilha elástica à volta da língua. Escrevo em código, conjugando as palavras com o bater do coração e com o correr do sangue pelo corpo.
Tenho os headphones bem encostados ao ouvido e uma companhia indispensável... Dou então liberdade ao pensamento.

Há momentos, no escuro da noite e dos segredos, em que me sinto como uma fugitiva solitária no meio da selva. De que fujo? Talvez de memórias, de emoções, ou até de mim própria (peço, desde já, desculpa pela redundância). Quando me sento para recuperar o fôlego da corrida, apercebo-me das pessoas que fui deixando para trás - ou foram elas que me deixaram para trás e disseram "corre"?
"Só sei que nada sei"... E pensar nisto dá-me dores de cabeça. Estendo a mão para miragens, peço apenas uma simples conversa amigável, uma chamada, um "Olá!", um "como estás?". Mas as memórias não respondem. Estão apenas lá, a fixar-me com o olhar, a mirar-me de lado, ou então a apontar o dedo. O som, face a isto, tornar-se inútil e dispensável, visto que maximiza o que precisa de ser erradicado. Nada faz sentido e quero que faça, desesperadamente. É esta, a ânsia de PERTENCER, que me faz correr - mas que ao mesmo tempo me pára como uma apendicite aguda; o problema é que não consigo tirar o apêndice, e tenho receio que dê cabo de mais qualquer coisa cá dentro!
Chego à conclusão que não pertenço em qualquer lugar excepto em casa e no coração de algumas pessoas (e mesmo em casa duvido da minha pertença). Pertenço também às palavras daquilo que escrevo, às palavras dos textos que leio (quer seja para estudar ou só para desanuviar), às palavras que ouço e que dedilham os acordes das canções. Pertenço às pessoas que estão à distância de um bilhete de avião. Pertenço a quem me ama tanto quando ao próprio sangue. Pertenço a quem me ama e me põe em segurança. Pertenço à música que ouço e às pessoas que me inspiram. Pertenço às cicatrizes que só eu consigo ver através do tempo, pertenço ao tempo em si, pertenço a ideias e sonhos suspensos, pertenço a tudo e ao mesmo tempo pertenço apenas a uma fracção daquilo que julgava ser o (meu) mundo. A minha sombra, pelo contrário, não a tenho: pertence a cada uma das minhas memórias e a quem ficou para trás.

Assim, embora muitos não compreendam, obtenho o expoente máximo de liberdade com a música. Com o ritmo exorbitante da bateria, os acordes harmoniosos das guitarras, a profundidade do baixo, a beleza indescritível da voz e das letras! A sensação de ABSOLUTA LIBERDADE E PAZ no meio de 56 mil pessoas que estão a sentir o mesmo, a saltar ao ritmo da mesma música, a cantar a mesma cosa - além de ser uma sensação de pertença, é uma onda de energia pura que me trespassa. O rock mantém-me VIVA e sei que me acompanhará durante toda a vida, aconteça o que acontecer.
É por isto que preciso de dinheiro para bilhetes de concertos e para uns fones novos. Que danço sozinha de madrugada. Que ponho música BEM ALTO até que as paredes se queixem. Que desejava saber tocar bateria, baixo guitarra, enfim - e de saber cantar tão bem como o Jon, o Gerard, o Jared, o Chester ou a Sharon.
Bon Jovi, Linkin Park, HIM, My Chemical Romance, 30 Seconds to Mars, Within Temptation. As bandas que mais:
- Me influenciam
- Me inspiram
- Mudaram a minha vida
- Me fazem rir e chorar.
Não só pelas músicas, mas pelos seus membros... Em especial o Jon e Richie ( Bon Jovi) , Mike Shinoda (Linkin Park), o Gerard (MCR), o Jared, Shannon e Tomo (30 STM). Quando os vejo, consigo ouvi-los segredar ao meu ouvido: "Não sabes se te integras ou pertences? Estás triste? Estás com receios? Sentes-te feia? Sentes que nada será como tu queres? Que se foda. Vive a tua vida da maneira que TU queres! Não deixes os outros decidir por ti, sê a realizadora do teu próprio filme. Vai ao chão, mas levanta-te. ANDA RAPARIGA! Ama quem tu queres, como se não houvesse amanhã. Luta pelos teus sonhos. Força. Stay beautiful, keep it ugly! Keep on going, eyes wide open!"

Dá-me vontade de tatuar alguns símbolos ou frases, para um dia mais tarde sentir aquelas letras na minha pele e saber o que consigo fazer; saber do que sou capaz. Sentir outra vez a voz daquelas pessoas e o meu amor incondicional por elas e pelas suas músicas que me fazem ser capaz de ser quem sou e superar cada pequeno contratempo do dia-a-dia quando não encontro forças em mais nenhum lado.

Obrigada, música, por seres a minha melhor amiga.

Termino com uma obra prima. Que transmite tudo aquilo que precisava de transmitir. Funciona como uma óptima catarse, embora por vezes me deixe com vontade de GRITAR bem alto!!

Lights, out.

Bye bye.




Assombração - Parte I

 'Não quero falar do assunto' Apesar de toda a confiança Tudo regressa numa palavra Adeus à segurança Como uma assombração se volta ...