terça-feira, 1 de abril de 2014

Perninhas de Ouro

Por que é que as pessoas, à saída do metro, vão de elevador e não de escadas?!
Interrogo-me, enquanto observo colegas de curso sorridentes, cheias de energia e de carteira ao ombro a dirigir-se para o elevador e a esperar, numa fila de riso, que o ascensor chegue e as transporte para cima como se de batota se tratasse.
Rio-me com estes pensamentos enquanto subo as escadas, mergulhada numa onda humana de passos (uns acelerados, outros vagarosos), sons (sapatilhas, tacões) e suspiros. Chego ao topo das escadas e dirijo-me ao passeio a tempo de olhar por cima do ombro e ver as portas do elevador abrirem-se, dando à luz uma prole de preguiça.
Recordo-me de, no primeiro semestre, ter ido almoçar com duas amigas (também colegas de curso) fora da faculdade. Deslocámo-nos de elevador, pois uma das minhas amigas desloca-se em cadeira de rodas. Ao regressar à faculdade, apanhámos o metro. Ao sair, na estação, dirigimos-nos ao elevador, carregando no botão. Entrámos na cabine, ouvindo um amontado de sons: passos apressados. Entraram mais duas pessoas, desconhecidas para nós. Antes das portas se fecharem, conseguimos um vislumbre de uma das "pernas de ouro" e ouvimos a sua melodiosa e indignada voz: "Oh! porra, está cheio!". As portas fecharam-se.
(Desculpa lá se há pessoas que não podem ir de escadas para tu poderes ir de elevador, amiga...)
Engraçado: foi a mesma pessoa que, dias depois, falava alegremente em ter trabalhado as pernas no ginásio. Se isto não roça o ridículo, está muito perto de demonstrar a inteligência que vejo cultivada em muitos locais da faculdade e da cidade: simplesmente aparente.

Assombração - Parte I

 'Não quero falar do assunto' Apesar de toda a confiança Tudo regressa numa palavra Adeus à segurança Como uma assombração se volta ...