sexta-feira, 4 de março de 2016

Soda cáustica

Cáustica. Escrava.
Acho que sou cáustica. Corroída por dentro, corroendo o ambiente que me envolve. E tudo o que peço é um local seguro e aquele abraço que me acolhe... Apesar disso, caminho e durmo num percurso de corrosão e ferrugem. Ai, a deterioração. A desintegração.
Ai: as maravilhas da auto-comiseração.
Sou escrava do meu modo de viver e de sentir. Escrava do que o meu passado condiciona e o meu futuro condena. Uma bandeira de rendição ao sabor dos ventos alheios. Como é mesmo a palavra...? Impotente. Sim, é isso. Tão impotente como o pão que se desfaz em leite quente: sem hipótese nem força para impedir que o desfaçam em moles pedaços.
Assim me vejo: ao sabor do vento fustigante do Inverno - aquele que leva roupa do estendal para o meio da rua e para pátios desconhecidos; fraca, e sem competências para mais. E deixada assim. À mercê também da raiva, que vai crescendo como um bolinho delicado no forno. Sinto a adrenalina e a agressividade a borbulhar nas artérias e veias, arranhando-me as cordas vocais quando, finalmente, grito. E hoje, gritei. Como há meses que não fazia. Não posso dizer que me soube bem, mas não foi tão mau quanto julgara. Embora me tenha deixado o corpo em estado de paralisia...
O tempo corria, em largas passadas, e eu não conseguia acompanhá-lo.

(Um modo literário e exagerado de descrever o stress)

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